sábado, 24 de outubro de 2015

Machado de Assis, o Crítico Implacável

O Rio de Janeiro em 1889

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Na época, a cidade contava com cerca de 300 mil habitantes. Filho de um pintor mulato e de uma lavadeira portuguesa, Machado não realizou seus estudos regulares. Além das condições sociais, ele precisou enfrentar adversidades de ordem fisiológica, tendo em vista que era mulato, gago e epilético. Começou a trabalhar muito cedo, inclusive, com cerca de 15 anos de idade foi funcionário em uma tipografia dirigida por ninguém menos do que o escritor Manuel Antônio de Almeida – autor de 'Memórias de um sargento de milícias' –, o qual também foi advindo de origem humilde.

Machado de Assis e Carolina Xavier: união por toda a vida
Em 1869, casou-se com Carolina Xavier de Novais, com quem passou a vida inteira. Inclusive, ela foi uma grande incentivadora de seus trabalhos literários.

Sem dúvida alguma, Machado de Assis é um dos maiores autores da língua portuguesa. Sua obra divide-se em duas fases. A primeira, preparatória, é composta por romances românticos. A segunda, da maturidade, é formada pelos romances realistas que lhe deram notoriedade. Crítico implacável do ser humano, é possível afirmar que da pena machadiana surgiram as melhores ironias da literatura brasileira.

Entre suas obras, destacam-se 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' (1881), que deu início ao Realismo brasileiro, e 'Dom Casmurro' (1899). Esta é a narrativa do ciúme de Bentinho por Capitolina (Capitu), “aquela dos olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Pela forma da escrita, o autor deixa em dúvida se ela realmente o traiu. O que chama a atenção é que a crítica brasileira durante muito tempo se empenhou em “defender” a posição de Bento. Apenas nos anos 60, com a crítica norte-americana de Helen Caldwell, publicada no livro 'O Otelo brasileiro de Machado de Assis', surgiu uma proposta de “defesa” de Capitu.

Além de romances, Machado de Assis escreveu outros estilos literários, a exemplo de contos, crônicas, poesias. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras, entidade da qual também foi cofundador, em 1897. Morreu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro.

Reconhecido em diversos países do mundo, no Brasil ele é estimado tanto pela crítica quanto pelo público em geral. Conhecido pela alcunha 'Bruxo do Cosme Velho', devido a um poema escrito por Carlos Drummond de Andrade dedicado a ele, Machado de Assis chegou a ser tema de samba-enredo de escola de samba. No ano 2009, a Mocidade Independente de Padre Miguel (RJ) homenageou o autor carioca, em uma apresentação que também fazia alusão a Guimarães Rosa.

Obras:


Romance: Ressurreição (1872); A Mão e a Luva (1874); Helena (1876); Iaiá Garcia (1878); Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).



Conto: Contos Fluminenses (1870); Histórias da Meia-Noite (1873); Papéis Avulsos (1882); Histórias sem Data (1884); Várias Histórias (1896); Páginas Recolhidas (1899); Relíquias de Casa Velha (1906).



Crônica: A Semana (1914)



Poesia: Crisálidas (1864); Falenas (1870); Americanas (1875); Ocidentais (1901); Poesias Completas (1901).



Teatro: Desencantos (1861); Queda que as Mulheres Têm pelos Tolos (1861); O Caminho da Porta (1863); O Protocolo (1863); Quase Ministro (1864); Uma Ode a Anacreonte (1870).




Crítica: Crítica (1910).

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