segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Modernismo em Portugal

Sá-Carneiro
O ano de 1915 é considerado o marco inicial do Modernismo português, por causa do lançamento da Revista Orpheu (que só contou com duas edições). Idealizada por jovens artistas como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, José de Almada-Negreiros, Luís de Montalvor e pelo brasileiro Ronald de Carvalho, a publicação prenuncia uma estética marcada pela diversidade, questionamento dos valores estabelecidos, euforia e libertação da escrita.

Entre 1915 e 1927, a literatura portuguesa apresentou autores com fortes vínculos à tradição finissecular decadentista. Florbela Espanca e Aquilino Ribeiro são os ícones deste período.

Convém rememorar que os anos 20 foram de imensa gravidade política em Portugal, sobretudo mediante a ditadura de Antônio de Oliveira Salazar. Neste cenário surge a revista Presença, a qual estabelece uma proposta 'ensimesmada', ou seja, uma literatura mais intimista e introspectiva. Como autores deste período, destacam-se José Régio, Miguel Torga, João Gaspar Simões, Adolfo Casais Monteiro e Branquinho da Fonseca.

No fim da década de 1930, surgiu o Neorrealismo português, com a publicação de Gaibéus, de Alves Redol. É importante salientar que os autores deste período são fortemente influenciados pelo romance regionalista brasileiro da segunda fase modernista, a exemplo das obras de Graciliano Ramos. Os autores deste momento, em linhas gerais, concebem a literatura como produto de um contexto histórico-social específico, portanto denunciam fatores com a exploração dos trabalhadores e as precárias condições de saúde e educação.

Na literatura contemporânea portuguesa, os autores conciliam traços neorrealistas a outras influências. Os autores apresentarão independência e liberdade formal e temática, de modo que os limites da Literatura Portuguesa são expandidos. Sofia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena e Alexandre O'Neill são destaques da produção poética.

Na prosa, além de Antônio Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luís, Vergílio Ferreira e Herberto Helder (também poeta), há sem dúvida um dos principais escritores da Língua Portuguesa, que conseguiu levar a literatura lusitana para além das fronteiras geográficas. Trata-se de José Saramago, primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998. Mundialmente famoso por causa do Memorial do convento, Saramago também conquistou notoriedade mediante livros como Ensaio sobre a Cegueira, Ensaio sobre a lucidez, Caim e O Evangelho segundo Jesus Cristo.

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