sábado, 17 de outubro de 2015

Modernismo no Brasil - 1ª Fase


A Semana de Arte Moderna foi um marco na transformação dos padrões estéticos da arte brasileira. O evento, ocorrido no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, tornou-se um 'divisor de águas' para o surgimento de uma nova fase na arte brasileira. Nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Menotti del Picchia e Graça Aranha estiveram presentes no episódio. O desejo dos artistas era romper com o espírito conservador do passado e encontrar novas concepções para a criação de uma arte efetivamente brasileira.

Didaticamente, estuda-se o Modernismo brasileiro em três fases (ou gerações): a primeira vai da Semana de Arte Moderna (1922) até 1930; a segunda, de 1930 a 1945 e a terceira (também chamada de 'Neomodernismo' ou 'Literatura Contemproânea') segue de 1945 aos dias atuais. Essa divisão baseia-se em uma classificação do teórico Tristão de Athayde.

Pois bem. A 1ª geração modernista acontece durante um contexto histórico de muitas transformações econômicas no Brasil. As cidades passam por um processo de industrialização, sobretudo em São Paulo, que importa mão-de-obra (não somente para as indústrias, mas também para a lavoura cafeeira). O Tenentismo se intensifica enquanto movimento social, bem como ocorre a criação da Coluna Prestes e a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o conhecido “Partidão”.

Os escritores desta fase apresentarão uma acentuada inspiração nacionalista; buscando romper com o passadismo e o academicismo, perseguem a liberdade formal e a livre associação de ideias. Destarte, incorporam em suas obras temas prosaicos, comuns ao cotidiano, tendo como cenário principal o espaço urbano. Ademais, há uma sobreposição de imagens e ideias – traço do Futurismo de Marinetti.

Grupos e tendências

Para divulgar os novos padrões estéticos, os artistas modernistas lançaram revistas e manifestos, nos meses subsequentes à Semana de Arte Moderna. As principais revistas foram as seguintes:

>> Klaxon (1922, São Paulo)
>> Estética (1924, Rio de Janeiro)
>> A Revista (1925, Minas Gerais)
>> Madrugada (1925, Rio Grande do Sul)

Ademais, surgiram diversos grupos, que lançaram movimentos e manifestos, entre os quais se destacam:

>> Movimento Pau-Brasil (1924): responsável pelo primeiro manifesto modernista, define importantes princípios para a primeira geração modernista do Brasil. Foi lançado por Oswald de Andrade, que ironiza a visão “oficial” da história brasileira, combate a influência estrangeira e exalta o progresso.

>> Movimento Verde-Amarelo (1926): lançado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Cândido Mota Filho e outros, contrapunha-se às ideias do Movimento Pau-Brasil e declarava que sua regra era “a liberdade plena de cada um ser brasileiro como quiser e puder”. Três anos depois de fundado, o grupo lançou o Manifesto, no jornal Correio Paulistano, intitulado 'Nhegaçu Verde-Amarelo (Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta)'.

>> Manifesto regionalista de Recife (1926): formado por intelectuais nordestinos (a exemplo de Gilberto Freyre), tinha como finalidade “desenvolver a identidade do Nordeste”.

>> Movimento Antropofágico (1928): criado por Oswald de Andrade, inspirado no quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, o movimento é uma reação ao conservadorismo verde-amarelista. O grupo – formado por nomes como António de Alcântara Machado, Tarsila do Amaral, Raul Bopp, e outros – propõe “devorar” os valores estrangeiros, com o intuito de conceder-lhes um caráter nacional.


Principais autores e obras

>> Mário de Andrade (1893-1945): autor de obra vasta e influente, a exemplo de 'Pauliceia Desvairada' (1922) e 'Macunaíma' (1928).

>> Oswald de Andrade (1890-1953): escreveu poesia, a exemplo de 'Pau Brasil' (1925), romances como 'Memórias Sentimentais de João Miramar' (1924), além de teatro, ensaios e memórias.

>> Manuel Bandeira (1886-1968): destaca-se por adequar a poesia à linguagem coloquial da primeira geração modernista. Escreveu livros de poesia, como 'Carnaval' (1919), 'Estrela da Manhã' (1936), 'Estrela da Tarde' (1963) e 'Estrela da Vida Inteira' (1966), e prosa como 'Itinerário de Pasárgada' (1954) e 'Frauta de Papel' (1957).

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