A Semana de Arte Moderna foi um marco na transformação dos padrões estéticos da arte brasileira. O evento, ocorrido no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, tornou-se um 'divisor de águas' para o surgimento de uma nova fase na arte brasileira. Nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Menotti del Picchia e Graça Aranha estiveram presentes no episódio. O desejo dos artistas era romper com o espírito conservador do passado e encontrar novas concepções para a criação de uma arte efetivamente brasileira.
Didaticamente,
estuda-se o Modernismo brasileiro em três fases (ou gerações): a
primeira vai da Semana de Arte Moderna (1922) até 1930; a segunda,
de 1930 a 1945 e a terceira (também chamada de 'Neomodernismo' ou
'Literatura Contemproânea') segue de 1945 aos dias atuais. Essa
divisão baseia-se em uma classificação do teórico Tristão de
Athayde.
Pois
bem. A 1ª geração modernista acontece durante um contexto
histórico de muitas transformações econômicas no Brasil. As
cidades passam por um processo de industrialização, sobretudo em
São Paulo, que importa mão-de-obra (não somente para as
indústrias, mas também para a lavoura cafeeira). O Tenentismo se
intensifica enquanto movimento social, bem como ocorre a criação da
Coluna Prestes e a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB),
o conhecido “Partidão”.
Os
escritores desta fase apresentarão uma acentuada inspiração
nacionalista; buscando romper com o passadismo e o
academicismo, perseguem a liberdade formal e a livre
associação de ideias. Destarte, incorporam em suas obras
temas prosaicos, comuns ao cotidiano, tendo como cenário
principal o espaço urbano. Ademais, há uma sobreposição
de imagens e ideias – traço do Futurismo de Marinetti.
Grupos
e tendências
Para
divulgar os novos padrões estéticos, os artistas modernistas
lançaram revistas e manifestos, nos meses subsequentes à Semana de
Arte Moderna. As principais revistas foram as seguintes:
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Klaxon (1922, São Paulo)
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Estética (1924, Rio de Janeiro)
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A Revista (1925, Minas Gerais)
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Madrugada (1925, Rio Grande do Sul)
Ademais,
surgiram diversos grupos, que lançaram movimentos e manifestos,
entre os quais se destacam:
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Movimento Pau-Brasil (1924): responsável pelo primeiro manifesto
modernista, define importantes princípios para a primeira geração
modernista do Brasil. Foi lançado por Oswald de Andrade, que ironiza
a visão “oficial” da história brasileira, combate a influência
estrangeira e exalta o progresso.
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Movimento Verde-Amarelo (1926): lançado por Plínio Salgado, Menotti
del Picchia, Cassiano Ricardo, Cândido Mota Filho e outros,
contrapunha-se às ideias do Movimento Pau-Brasil e declarava que sua
regra era “a liberdade plena de cada um ser brasileiro como quiser
e puder”. Três anos depois de fundado, o grupo lançou o
Manifesto, no jornal Correio Paulistano, intitulado
'Nhegaçu Verde-Amarelo (Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola
da Anta)'.
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Manifesto regionalista de Recife (1926): formado por intelectuais
nordestinos (a exemplo de Gilberto Freyre), tinha como finalidade “desenvolver a identidade do
Nordeste”.
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Movimento Antropofágico (1928): criado por Oswald de Andrade,
inspirado no quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, o movimento é uma
reação ao conservadorismo verde-amarelista. O grupo – formado por
nomes como António de Alcântara Machado, Tarsila do Amaral, Raul
Bopp, e outros – propõe “devorar” os valores estrangeiros, com
o intuito de conceder-lhes um caráter nacional.
Principais
autores e obras
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Mário de Andrade (1893-1945): autor de obra vasta e influente, a
exemplo de 'Pauliceia Desvairada' (1922) e 'Macunaíma' (1928).
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Oswald de Andrade (1890-1953): escreveu poesia, a exemplo de 'Pau
Brasil' (1925), romances como 'Memórias Sentimentais de João
Miramar' (1924), além de teatro, ensaios e memórias.
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